quinta-feira, julho 08, 2004

Eleições?

Depois de um mês dedicado ao futebol, estamos de volta ao país real.
A força que acompanhou a nossa selecção no último mês infelizmente não contagiou todos os portugueses. Voltamos ao dia a dia!

Desta vez, com uma nova variante: querem-nos fazer crer que não temos Primeiro Ministro. Bastou o fim do Euro, com um resultado que não esperávamos, e logo no pós trauma, somos informados que “mais altos valores se levantam” para o nosso Primeiro Ministro. Um convite de Bruxelas, priva-nos do nosso chefe de Governo.

Logo surgem vozes diagnosticando uma crise governamental, durante uma semana vivemos o dia a dia do Presidente da República, aparentemente muito preocupado, tentando chegar a uma conclusão relativamente à continuação de um Governo de maioria oportunamente eleito ou a convocação de novas eleições.

Perante este cenário de indefinição entramos numa verdadeira crise. O presidente da República conseguiu criar a desconfiança e incerteza, sobre qual o futuro do país. Teremos a manutenção de uma política que começava a dar os primeiros sinais de retoma? Vamos voltar a esperar 6 meses por novas eleições e mais 6 para que se estudem todas as pastas e se decida o que fazer?

Aceitar um novo Primeiro Ministro escolhido por um partido, pode não ser a melhor opção, mas deixar um país à deriva 12 meses, não parece ser melhor.

Hoje vivemos uma situação semelhante à de há 2 anos. Não no que diz respeito há perda do Primeiro Ministro, mas sim relativamente à falta de preparação da oposição para se apresentar a eleições. Todos sabemos que os “timings” partidários se regem pelas datas eleitorais. Neste momento, Ferro Rodrigues é apenas um gestor do Partido Socialista em funções até ao próximo congresso. O próximo congresso socialista irá escolher o candidato a futuro Primeiro Ministro de Portugal.

Não me parece que o partido socialista esteja satisfeito com a hipótese de surgirem desde já novas eleições. Tal como há 2 anos, (grande parte do Partido Social Democrata não ficou satisfeito com as eleições antecipadas de 2002, como foi possível verificar durante a formação do Governo com inúmeras recusas apontadas como elemento-chave) Ferro Rodrigues não é um líder por convicção mas sim por sugestão.

Novas eleições poderão originar um Governo fraco e a instabilidade de eleições antecipadas num futuro próximo. Parafraseando um antigo chefe de Governo, “Deixem-nos trabalhar!!”. Bem ou mal, a avaliação será feita dentro de 2 anos.